Os votos de um Bom Ano Novo não podiam ser melhor acompanhados do que pela publicação no número de Janeiro da edição portuguesa da National Geographic, saída ontem para as bancas, de um fragmento de cerâmica de engobe vermelho com escrita do Sudoeste proveniente de Moura.
Trata-se de um fragmento recolhido num contexto de escavação arqueológica no castelo de Moura, no âmbito de trabalhos de arqueologia preventiva dirigidos pelo arqueólogo José Gonçalo Valente, e inserido num conjunto material e estratigráfico do século IV a.C..
Neste mesmo tipo de suporte em cerâmica, cronologias mais recuadas haviam sido indicadas por um fragmento proveniente do Castillo de Doña Blanca – séc. VIII/VII –, e indiciadas ainda pelos grafemas que encontramos nas peças de Medellín e no Castro da Azougada, com cornologias dos séc. VI e V a.C.. O agora novo fragmento de Moura, não é só extremamente importante pelo contexto arqueológico onde surge com uma cronologia segura que, como refere o professor Amílcar Guerra, prolonga o uso desta escrita, mas também pelo facto de não se tratar de um grafema isolado, ao qual poderíamos questionar tratar-se de literacia efectiva, mas de uma sequência de cinco signos. De acordo com a leitura de Amílcar Guerra, à parte conservada deve ler-se: *nabaor*, podendo provavelmente a primeira letra de que se conserva o pequeno sector ser um a, pelo que teríamos – com a peculiaridade de não haver redundância –: ]anabaor*[.
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